domingo, 7 de março de 2010

48

Algo se passou na viagem do 48. Sentado na traseira do 48, que vai desde Linda-a-Velha até ao Marquês do Pombal, olhando para rua, perscrutando todos os viajantes, detestando todas as paragens que fazia. Apenas uma memorizei. A paragem do Amoreiras. Entraram vários estudantes berrando eufóricos da vida, enchendo o autocarro nessa única paragem. Vendo esta euforia centrei-me noutro aspecto que não o dos outros viajantes lá fora à chuva. De repente olhei para ti, fora de toda esta euforia, fugindo de todos os risos dos teus colegas, centrada no ontem, no hoje ou talvez no amanhã. Não saberei. Sei que os olhos azuis que tu tinhas estavam concentrados em fugir de algo do que se passasse ali. Talvez pudesse levantar-me e dirigir-me para o teu lugar, mas algo nesse teu olhar me impediu de avançar. Confundias quem te visionasse, pelo menos a mim que te observava. Senti o autocarro a parar, anseie que os outros saíssem nesta paragem para te poder compreender melhor. Mas tu fugiste, e apenas agora vi o teu sorriso escapando-se à saída deste autocarro. Só tinha mais uma paragem para andar mas mesmo assim senti a falta de te observar, tentado a imaginar o que estarias a pensar.

4 comentários:

  1. gosto da forma como expuseste a situação, da simplicidade e do jeito despreconceituoso como me parece que tratas o mundo. Vou ler mais para confirmar as minhas suspeitas. hehe. =)

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  2. Digo-te, adorei! :O
    Tá simples e mesmo assim dizes tudo!
    Abraço ;)

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  3. olha o gajo :O eu sabai que ias ser escritor!! eheheh mt mt bacano mano, continua ;)

    Carlos D'aguiar

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  4. Gostei muito. Tens uma linguagem bastante acessível. '48' é mais do que um excelente título porque nos situa imediatamente na história. Essa tua curiosidade já eu conhecia, mas gostaria de saber como seria o final desta história se lhe tivesses falado. Uns bons açoites depois e talvez fosses um homem casado.
    Miúda do 48: Se leres isto fica a sabendo que ele é bom rapaz.
    Abraços

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